Do Rio de Janeiro ao Rio Grande do Norte, pesquisas tornam ventos marinhos uma promessa verde
São Paulo
Uma das principais estratégias da transição energética no mundo é a adoção progressiva de fontes de energia renováveis, com zero emissão de carbono. Projetos desenvolvidos em universidades brasileiras têm apostado na geração eólica “offshore” (em alto-mar).
As eólicas offshore têm custo de instalação maior que aquelas localizadas em terra (“onshore”), e sua operação é mais complexa. Esses fatores ainda comprometem a sua atratividade. Mas a maior intensidade e constância das correntes de ar no oceano tem levado pesquisadores a buscar alternativas para explorar esse imenso potencial na costa brasileira.

No Rio de Janeiro, estudantes do Grupo de Previsão e Otimização de Recursos (FROG, na sigla em inglês) da PUC-Rio criaram um software que facilita a avaliação técnica, econômica e ambiental da construção de campos eólicos offshore em plataformas de óleo e gás desativadas.
“Com isso, o projeto fomenta a economia circular, porque promove o recomissionamento [reaproveitamento] de uma estrutura que já existe”, explica Paula Maiçara, professora do Departamento de Engenharia Industrial da PUC-Rio e coordenadora do FROG. A proposta é que essa ferramenta seja utilizada por empresas do setor e órgãos fiscalizadores em projetos de transição para novas fontes energéticas.
Com a iniciativa, o grupo venceu em setembro a Universities for Goal 13, competição anual promovida pela Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável (SDSN, na sigla em inglês), com apoio da Siemens Gamesa, multinacional espanhola do setor de energia eólica.
Agora, a continuidade do projeto depende de uma parceria com empresas do setor energético que ofereçam financiamento e dados sobre suas plataformas para que a ferramenta seja aprimorada, segundo Maiçara.
Na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), o professor Mario González, do Departamento de Engenharia de Produção, coordena desde 2019 os estudos sobre o Porto-Indústria Verde. Trata-se de uma infraestrutura portuária que dará suporte à instalação e manutenção de campos eólicos offshore na região, além de acomodar um parque industrial de hidrogênio verde e outros e-produtos (que usam eletricidade de fontes renováveis), como amônia, aço e metanol verdes.
O projeto congrega numa mesma região uma base operacional para a geração de eletricidade limpa e indústrias que poderão consumir parte dessa energia no seu processo produtivo, reduzindo as emissões de gases do efeito estufa na fabricação de produtos estratégicos para o setor agrícola, de construção, de transportes, entre outros. “É um projeto de economia circular verde”, resume González.